quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Marginalização da Tatuagem

A despeito do que a tatuagem foi historicamente, percebemos que hoje ela é uma das inúmeras formas que as pessoas utilizam para se distinguir da sociedade de massa em que vivemos. O corte de cabelo, as vestimentas e as gírias estão inclusas nesse universo de autoidentificação tão procurado por quem quer se tornar único — ou mesmo se incluir em determinada minoria. Como toda forma de expressão, as tattoos também podem ser utilizadas para pregar crimes, fazer apologia a ilegalidades, identificar membros de uma facção, etc.


Tatuagem e Crime
    
      Sabe-se que a arte milenar das tatuagens invadiu também o interior das penitenciárias do mundo inteiro, o que chamou a atenção de estudiosos, ocorrendo novas pesquisas, novos estudos, os quais continuam sendo realizados visando à análise de determinadas marcas que são feitas no interior das prisões, e podem passar despercebidas para quem não domina ou não tem o conhecimento do assunto.
        Para o profissional da área de segurança e em especial para aqueles que atuam no interior das Penitenciárias, visando uma possível classificação dos presos, segundo seus antecedentes e personalidade, para orientação à individualização da execução penal, faz -se necessário o conhecimento e o entendimento das linguagens utilizadas pelos presos no interior dos presídios, muitas vezes codificadas, sejam por sinais, palavras ou marcas, como por exemplo, as tatuagens, marcas estas que revelam a personalidade do criminoso, como também muitas vezes demonstra o delito de quem a possui, servindo como código, que manda recados.     

 Estima-se que hoje na população carcerária do Brasil de 60% a 80% dos presos do sexo masculino tenham algum tipo de desenho estampado no corpo demonstrando, através desses códigos, um dos segredos da prisão, que vem a ser quem é o dono daquela marca, qual é a especialidade do preso no mundo do crime.
       Desenhos cravados na pele, muitas vezes, é uma forma de estigmatizar o preso. Assumir para sempre, na própria pele, algo que é visto com desconfiança e algum temor pela sociedade, não deixando de significar, em outras formas, de o preso demonstrar uma coragem que é respeitada nas prisões, servindo para marcar aqueles que devem ser desprezados.
       Ela aparece significativamente, seja como forma de expressão da melancolia comum aos ambientes carcerários (imagens de entes queridos, religiosas, mensagens), seja identificando os crimes que o detento cometeu.Os presos já chegaram a ser tatuados pela própria polícia: “cravavam-se as iniciais “BC” — bad character, mau caráter em inglês – na pele dos condenados”. A EAP (escola de administração penitenciária) disponibiliza em seu site algumas tatuagens comuns entre os presos, e seus significados.
         É óbvio que pessoas que estampam essas tatuagens não serão, necessariamente, criminosas, mas a incidência delas no sistema prisional é confirmada por estudos. As tatuagens, por seu caráter permanente, contribuem e muito para a identificação de criminosos. Aqui no Brasil já há até banco de dados com fotografias das tatuagens que cometedores de ilícitos possuem.

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