sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Yakuza e a Tatuagem

Sobre a Yakuza:

A Yakuza é uma das mais poderosas organizações do Japão. Movimenta aproximadamente 47 bilhões de dólares anualmente e comanda diversos setores da segunda economia mundial. Entre estes, destacam-se as casas de jogos de azar, prostíbulos, construção civil, bancos, agiotagem e o tráfico de drogas.

Há dois tipos de Yakuza: aqueles que pertencem a um clã/grupo e os autônomos. Os autônomos não pertencem a clã algum, por isso têm dificuldades para agir, pois os grupos não permitem que eles atuem em seus territórios. Os clãs costumam usá-los como bode expiatório ou pagá-los para realizar um serviço no qual não queiram envolver o grupo todo.

É uma sociedade exclusivamente masculina. Eles não confiam nas mulheres porque as consideram fracas e incapazes de lutar como os homens, acreditando que as mulheres foram feitas para serem mães e para cuidarem de seus maridos, não devendo se meter nos negócios dos homens. Outro motivo pelo qual as mulheres não são aceitas na yakuza é que não se deve falar sobre o grupo a ninguém de fora, e eles não acreditam que elas seriam fortes o suficiente para se manterem caladas caso fossem interrogadas pela polícia ou por algum inimigo.

A única mulher com maior prestígio é a esposa do chefe. Ela não é considerada um membro, mas é respeitada por simplesmente ser a esposa, não interferindo em qualquer ocasião. Quando o chefe morre e não há ninguém para substituí-lo imediatamente, é sua esposa quem assume temporariamente o comando do grupo, até outro membro assumir a posição.

Entre as obrigações dos membros estão:
Não esconder dinheiro da gangue;
Não se envolver pessoalmente com narcóticos;
Não procurar a lei ou a polícia;
Não violar a mulher ou os filhos de outro membro;
Não desobedecer às ordens de um superior.


A grande diferença entre a Yakuza e outras máfias mundo afora, é que eles não fazem questão de se esconder da sociedade. Os membros são facilmente reconhecíveis nas ruas japonesas (usam óculos escuros e ternos chamativos) e seus estabelecimentos são devidamente identificados na porta da frente com o nome do grupo ou o seu brasão.


Yubitsume

Algum tempo atrás, a maior parte da renda da máfia japonesa era proveniente da proteção oferecida a estabelecimentos comerciais e de entretenimento. Hoje eles já operam em grandes empresas do mercado imobiliário e até bancos. Também existem evidências de atividades internacionais como tráfico de armas e mulheres.

Por fim, existem ainda, alguns rituais da máfia populares mundialmente. O yubitsume consiste em cortar a falange do dedo mindinho como um pedido de desculpas. Este ritual teve sua origem na maneira tradicional de segurar a espada japonesa. Sem o dedo mindinho o guerreiro tem menos firmeza no manejo da arma e dependia mais da proteção do grupo. O seppuku, suicídio através do desventramento, é a mais séria penalidade por um erro. Este ritual teve sua origem com os samurais.


Seppuku

Curiosidade:


A palavra yakuza vem da versão japonesa do popular jogo de cartas Black Jack - conhecido como 'Oicho Kabu', em japonês. A idéia do jogo é alcançar 19 (ao contrário de 21, no Black Jack), e qualquer coisa acima desse número não tem valor. 8-9-3 ou (ya-ku-za) era utilizado para significar 20. 8-9-3 (ya-ku-za) totaliza 20, e foi daí que a palavra originalmente surgiu, e começou a ser utilizada para descrever pessoas vistas como 'sem valor'.

Yakuza e a tatuagem:

Os yakuzas são muito conhecidos mundo afora por suas tatuagens. Geralmente os desenhos de dragões, flores, paisagens montanhosas, oceanos agitados e os brasões de suas famílias, cobrem o peito, as costas, os braços e até as pernas.
As tatuagens são
vistas como um símbolo de afiliação à Yakuza, e por isso o grupo ficou marcado por suas grandes tatuagens orientais. Essas tatuagens geralmente levavam anos para serem terminadas, eram feitas no método do Tebori, ou Irezumi que significa "inserção de tinta." .
Diz- se que a razão pela qual a Yakuza usa tatuagens deve-se ao fato de que os Bakuto (apostadores) tatuariam em seus braços um círculo preto, a cada vez que cometessem um crime. Mais tarde, passou a significar a indisposição em agir em conformidade às regras e normas da sociedade.
Os desenhos mais pedidos para serem tatuados pelos Yakuzas são dragões, deuses da mitologia shintoísta e budista e principalmente a carpa, que representa prosperidade.







segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A máfia japonesa

Conforme foi dito no post anterior, há em alguns casos, uma ligação entre tatuagem e crime. E é nesse contexto que o grupo famoso conhecido como Yakuza se insere. A Yakuza também chamada de gokudō, são membros de um grupo do crime organizado japonês. Podendo ser conhecida como uma gangue, um clã ou uma máfia de japoneses.


                                                     Membros da Yakuza
 
A origem da Yakuza é incerta. Alguns dizem que são descendentes dos 'kabuki-mono', causa do século 17, que usavam roupas e cortes de cabelo esquisitos e falavam um elaborado dialeto de gírias. Durante a era Tokugawa - uma época de paz em todo o Japão -, onde os samurais já não eram necessários, os 'kabuki-mono', para sobreviver, voltaram todas as suas atividades para o roubo das pequenas comunidades.
Os membros atuais da Yakuza, no entanto, ignoram essa teoria, dizendo que são, na verdade, descendentes dos 'machi-yokko' - um misterioso grupo que defendia a população e os pobres


 No final do século 19, o Japão passou por uma grande transformação industrial e social, e a Yakuza logo quis tirar proveito dessas transformações. Eles começaram a recrutar em peso dentro da indústria de transporte e construção, e também começaram a trabalhar em conjunto com as autoridades, em troca de tratamento mais favorável pela polícia. O número de membros da Yakuza continuou a crescer progressivamente até o envolvimento do Japão na Segunda Guerra Mundial.



Mais recentemente, a Yakuza começou a ramificar-se dentro da sociedade através de negócios nos quais eles possuem fácil acesso, como finanças, imóveis e investimento bancário. Em 1992, medidas foram tomadas a fim de reduzir a crescente influência política e financeira da Yakuza, através da aprovação do Ato para a Prevenção de Atividades Ilegais Realizadas por Membros de Boryukudan (Yakuza ou gangue criminosa). Enfurecidas com essa nova lei, esposas e filhas de membros da Yakuza realizaram uma marcha em Ginza, Tokyo, em protesto.



A nova lei parece ter surtido pouco efeito em relação à questão, e a Yakuza ainda continua presente, como já o era, na sociedade japonesa.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Marginalização da Tatuagem

A despeito do que a tatuagem foi historicamente, percebemos que hoje ela é uma das inúmeras formas que as pessoas utilizam para se distinguir da sociedade de massa em que vivemos. O corte de cabelo, as vestimentas e as gírias estão inclusas nesse universo de autoidentificação tão procurado por quem quer se tornar único — ou mesmo se incluir em determinada minoria. Como toda forma de expressão, as tattoos também podem ser utilizadas para pregar crimes, fazer apologia a ilegalidades, identificar membros de uma facção, etc.


Tatuagem e Crime
    
      Sabe-se que a arte milenar das tatuagens invadiu também o interior das penitenciárias do mundo inteiro, o que chamou a atenção de estudiosos, ocorrendo novas pesquisas, novos estudos, os quais continuam sendo realizados visando à análise de determinadas marcas que são feitas no interior das prisões, e podem passar despercebidas para quem não domina ou não tem o conhecimento do assunto.
        Para o profissional da área de segurança e em especial para aqueles que atuam no interior das Penitenciárias, visando uma possível classificação dos presos, segundo seus antecedentes e personalidade, para orientação à individualização da execução penal, faz -se necessário o conhecimento e o entendimento das linguagens utilizadas pelos presos no interior dos presídios, muitas vezes codificadas, sejam por sinais, palavras ou marcas, como por exemplo, as tatuagens, marcas estas que revelam a personalidade do criminoso, como também muitas vezes demonstra o delito de quem a possui, servindo como código, que manda recados.     

 Estima-se que hoje na população carcerária do Brasil de 60% a 80% dos presos do sexo masculino tenham algum tipo de desenho estampado no corpo demonstrando, através desses códigos, um dos segredos da prisão, que vem a ser quem é o dono daquela marca, qual é a especialidade do preso no mundo do crime.
       Desenhos cravados na pele, muitas vezes, é uma forma de estigmatizar o preso. Assumir para sempre, na própria pele, algo que é visto com desconfiança e algum temor pela sociedade, não deixando de significar, em outras formas, de o preso demonstrar uma coragem que é respeitada nas prisões, servindo para marcar aqueles que devem ser desprezados.
       Ela aparece significativamente, seja como forma de expressão da melancolia comum aos ambientes carcerários (imagens de entes queridos, religiosas, mensagens), seja identificando os crimes que o detento cometeu.Os presos já chegaram a ser tatuados pela própria polícia: “cravavam-se as iniciais “BC” — bad character, mau caráter em inglês – na pele dos condenados”. A EAP (escola de administração penitenciária) disponibiliza em seu site algumas tatuagens comuns entre os presos, e seus significados.
         É óbvio que pessoas que estampam essas tatuagens não serão, necessariamente, criminosas, mas a incidência delas no sistema prisional é confirmada por estudos. As tatuagens, por seu caráter permanente, contribuem e muito para a identificação de criminosos. Aqui no Brasil já há até banco de dados com fotografias das tatuagens que cometedores de ilícitos possuem.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Na pele e na memória


A origem da tatuagem sempre foi alvo de muita controvérsia. De um lado estão aqueles que acreditam que a prática tenha nascido de um único ponto do planeta e dali se expandindo para todos os continentes. Outros pesquisadores atestam que estamos diante de um caso que se encaixa no conceito de “origem independente”, com a tatuagem tendo sido criada por diferentes comunidades do homem pré-histórico nos mais diversos cantos do planeta. Utilizadas por motivos sociais ou espirituais, as tattoos atravessaram os séculos gerando diferentes interpretações, sendo consideradas símbolos de status dentro de tribos, marcas de bruxaria na idade média e coisas de marginal e vagabundo no século XX.



Rebeldia, personalidade, História. Essas podem ser uma das poucas palavras que podem definir o significado da tatuagem entre nós. No contexto da sociedade contemporânea, o individualismo induz muitas pessoas a fazerem de sua pele o local do registro de idéias, valores ou da simples vaidade. Um dos mais conhecidos registros que se tem sobre as tatuagens é do capitão inglês James Cook, quando o mesmo tentava entrar em contato com os nativos do Taiti.


James Cook

O povo daquela região designava o hábito de pintarem definitivamente a pele de “tatau”, por conta do barulho produzido pelos instrumentos utilizados na confecção de suas tatuagens. No entanto, não podemos dizer que eles foram os primeiros a desenvolverem esse tipo de hábito. O homem de Ötzi, com cerca de mais de 5300 anos, fazia inveja a qualquer aficcionado por tatuagens dos dias de hoje. Em seu corpo foram encontradas mais de cinqüenta tatuagens que, de acordo com alguns estudiosos, tinham significações religiosas.



A prática da tatuagem também foi registrada entre os egípcios e os pictos, uma civilização antiga do Norte da Europa. No Brasil, diversas tribos indígenas traziam tatuagens pelo corpo. Os waujás e os kadiwéus são alguns dos povos indígenas que utilizavam da pintura definitiva para expressarem rituais de passagem e reverência a alguns elementos da natureza. Apesar da existência da tatuagem, esse hábito não se popularizou por conta das culturas indígenas.
Há mais de 3500 anos atrás, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade tribal (união de pessoas com as mesmas características sociais e religiosas). Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, para relatar os fatos da vida social: virar guerreiro, sacerdote ou rei; casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros, pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do corpo.